É sabido que boa parte do poder não está na mão das nações, dos organismos internacionais, ou mesmo dos políticos e exércitos. É sabido, mas seguidamente ignorado nas análises da conjuntura.
Estou falando do poder das grandes corporações planetárias, algumas com PIB maior que muitos países. Ignorado nas análises, mas que age mais rápido e de maneira contundente, geralmente deixando em sua esteira todos os outros poderes (que seguem correndo atrás).
Essas corporações têm em comum o fato de serem impessoais. São dirigidas por profissionais, que respondem a um conselho de acionistas. Entre os acionistas maiores estão, comumente, fundos. Esses profissionais (CEOs) passam por várias corporações ao longo de sua carreira. Pode-se afirmar que existe uma cultura, uma visão de mundo, que perpassa o universo corporativo. Que futuro está sendo pensado nesses ambientes?
Nos últimos vinte anos experimentamos o surgimento da rede mundial de computadores, agora incluindo dispositivos móveis, e o nascimento das grandes corporações digitais. Algumas remanescentes da revolução dos computadores e outras novas, que somente existem dentro dos dispositivos, onde atuam. Dentro desse tipo de corporação nasceu um fenômeno que influenciou e está influenciando todo o resto da economia e sociedade: A monetização.
A internet nasceu sem dar lucro. Pesquisadores abnegados, instituições acadêmicas e militares e alguns malucos completos bancavam, seja com trabalho ou infraestrutura, esses primeiros esforços. Por essa razão a rede nasceu com um desenho de difícil transformação em dinheiro. Ainda nos anos 1990 havia um esforço por concentrar o acesso dos computadores nos chamados canais, numa tentativa de trazer a experiência da tv para a internet. Aol, Uol, Terra, tantos outros, são exemplos. Com o advento dos celulares isso entrou em outro nível. Quem lembra do Google Glass? Um óculos conectado à internet, com localização gps, capaz de te situar dentro do ambiente e te dar avisos e mensagens relacionadas a comércios, amigos e serviços da região. Não deu muito certo, embora isso hoje em dia aconteça dentro dos celulares, não precisando de óculos.
O uso da lógica de programação para prender o usuário conectado ao sistema, de modo a obter o máximo de informação e dados desse usuário, para depois poder oferecer publicidade de alta performance para o mercado, porque baseada num extenso conjunto de informações a respeito de cada “consumidor”. Os chamados algoritmos a serviço da monetização. O serviço é oferecido milagrosamente de graça, com grande capacidade e recursos, onde o usuário é convidado a viver fantasias como o “compartilhamento”, a “cooperação” e outras palavras tornadas vazias. Em troca, por baixo dos panos, ocorre a rapina do usuário, até onde suas defesas permitirem.
Isso sem falar do Metaverso, a participação Zuckerberg nesse futuro.
Isso tudo já é realidade.
Chegamos então ao futuro, pois ele já está aqui.
Resumindo, 5G, internet das coisas (IoT), casas e cidades inteligentes, Inteligência Artificial.
Um futuro que brilha e seduz, cheio de maravilhas pra deixar os Jetsons no chinelo.
O rumo apontado (as experiências nas cidades chinesas, os produtos lançados etc.), é o de colocar tudo e todos numa rede. Por enquanto essa grande rede tem o mau caráter das gangues corporativas que a manipulam. O que já é ruim. Contudo há somente um pequeno passo para que sejam convertidas em uma rede de controle e/ou submissão.
Você precisa mesmo entrar num supermercado, ir pegando tudo sem olhar e sair pagando automaticamente por reconhecimento facial, códigos de barra e QrCode?
Você precisa que a geladeira da casa envie ao supermercado uma lista do que está faltando? Você precisa que a porta da casa te dê bom dia!!?
Tudo isso vendido como se fosse a oitava maravilha pelo poder da mentira e da falácia, também conhecido como marketing.
Tudo tendo por trás o desejo de te pegar desprevenido, emocionalmente acessível, para te vender o que você não precisa. Cada vez mais. Transformando os recursos limitados do planeta em produtos inúteis e efêmeros.
Esse é o nosso futuro?
Se dependesse de quem constrói e alimenta a ilusão acima colocada, sim.
Há, porém, outros agentes nesse jogo e, o Universo permita, eles farão com que esses loucos não alcancem seus objetivos.
Quando tudo parece correr e acelerar cada vez mais, olhe para as árvores, para os passarinhos, para o Sol.
Você verá que eles permanecem sem alteração em seu ritmo. Eles podem nos ajudar a manter alguma sanidade.