Antes do fim, quero te dizer que o futuro que nos foi reservado, é só uma projeção. De sombras na parede, de sonhos de grandeza, de uma luz cega.
Como se retas prolongadas no tempo pudessem dar uma visão, ainda que pobre, do porvir! A cada curva uma tangente te espera para especular a realidade, jogando os dados na chance de vencer! Os véus da fantasia te embalam. Game over.
Tu, que corres tanto, cada vez mais, alucinando um crescimento infinito, para onde vais? Correr velozmente atrás do próprio rabo não torna as coisas melhores. Ao invés, introduz desequilíbrio. Como quê, não vais cair? O chão te espera, antes do fim.
Tu, que esqueceu tua origem e teu destino. Que vagas pelo mundo sem espírito, sem sentir a ligação com tudo. Peão ou rainha, todos jogam, no tabuleiro falso.
Deixar emergir as emoções, como que vindas de dentro, para se contrapor à razão que nunca chegou, não foi capaz de trazer sentido à tua existência. Nem direção.
Vanglória a cada passo torto não deixou espaço, para ver o fluir que a tudo sustenta.
Você precisa saber disso, antes do fim.
Antes do fim, queria muito dizer que te amo. Mas o amor ainda não chegou para nós. Escorre pelas faces quando choro, soluça num peito seco, enviesa. O amor, pra nós, é uma esperança. Uma luz tênue no fundo coração. Por isso não será o fim, afinal. Pela centelha. Todo o fim traz dentro, um início.